quarta-feira, 30 de julho de 2008

A verdadeira história de Janis Joplin - Parte 4

Os blues começaram a partir de 1960. Janis se forma na High School, e tenta uma carreira tranqüila como estudante de arte na Universidade de Lamar, em Beaumont, vizinha de Port Arthur. Tentou também um curso de secretariado na Universidade de Port Arthur. Mas já estava marcada. Continuava feia e sem modos elegantes. Continuava praguejando, bebendo muito e saindo em turmas de rapazes. Dizia-se que tinha dormido com todos os homens disponíveis de Port Arthur e Beaumont. E com algumas meninas, também. Em parte era verdade. Era preciso tudo isso, mais correrias de carro pela madrugada, mais brigas nos bares infectos da fronteira, mais apostas de sinuca e as primeiras drogas a chegar ao Texas para encher a solidão de Janis, a emoção dispersa e estilhaçada em todos os sentidos. "Existem sempre os casais. Existe Jack e Nova, Jim e Katty, mas só existe uma Janis". Ela dizia isso rindo, como aliás sempre riu de tudo, a vida toda.
Janis estava pronta para os blues e para a estrada, conseqüência e apostolado dos blues. Os dois vieram naturalmente. "Eu lia muito sobre jazz e blues, e sobre Leadbelly, e um nome que pintava sempre era o de Bessie Smith, diziam que ela era maravilhosa e tudo. Eu fiquei curiosa, comprei uns discos dela. E então, BAM, aquilo me atingiu. Como aquela mulher cantava, como ela GRITAVA tudo aquilo que eu estava sentindo... Aí eu comecei a cantar imitando Bessie Smith. Copiava mesmo. Mas eu também não fazia força, eu não dizia a mim mesma: Agora vou cantar assim. Eu só era. Minha voz era. Quando eu abri a boca já saiu assim".
Para a estrada foram seus próprios pais que mandaram, sentindo que, se houvesse uma chance para Janis, ela estaria longe do clima sufocante de uma Port Arthur que cada vez a segregava mais. Com um dinheiro que tinham posto de parte. o Sr. e a Sra. Joplin mandaram Janis fazer um curso de verão em Los Angeles. Sua primeira moradia foi a casa de uma parenta. Mas logo ela se mudou para um apartamento próprio e, pouco depois, para um quartinho no miserável bairro de Venice, na North Beach, a região habitada pelos derradeiros beatniks. "Eu sabia que tinha de sair. E li uma coisa sobre Jack Kerouac no Time, esse foi o único jeito que eu tive de saber sobre ele. Eu vi que tinha de ir embora. O que há em Port Arthur? Não há ninguém em Port Arthur.
O Texas é um lugar legal para quem quer se estabelecer, viver bem quietinho. Não é um lugar pra gente estranha como eu". No entanto ela voltaria ainda três vezes a Port Arthur no decorrer dessa turbulenta fase de estrada que vai de 61 a 65. Cada vez que ela retornava, era para tentar se estabelecer e ser bem quietinha, esforços desesperados para exorcizar seus demônios particulares no ar úmido e tedioso de Port Arthur. Mas era impossível. Como seu irmão de sangue Jimi Hendrix, Janis estava marcada.

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