
"No começo a gente não queria saber dela. Depois a gente passou a achar engraçado o jeitão dela, os palavrões que ela dizia. Ela era barra pesada até para nós. Depois ela não chateava, a gente podia dizer e fazer qualquer coisa na frente dela que ela não ligava. Ela era um de nós. Ela era o bobo da corte", recorda Jim Langdon, um dos rapazes. Foi com o grupo de Langdon que Janis começou a se interessar por música. Antes ela expressava seus conflitos e suas dúvidas na pintura, e estava mesmo decidida a ser uma artista plástica. Mas os garotos ouviam música. Era o final da década de 50: o rock and roll estava quase morto. Quem era "por dentro" ouvia jazz e música folk. Foi por aí que Janis começou seu aprendizado musical. O lado técnico, digamos assim.
"A gente escutava muito jazz, lá em Port Arthur. Um dia eu achei um disco de Odetta numa loja de lá. Eu comprei o disco e curti muito, eu tocava os discos em todas as festas que a gente ia. Odetta cantava canções folclóricas, tinha uma voz muito clara, sabe como é? E um dia um amigo me falou de Leadbelly, de como ele era um cara incrível na linha country dos blues, e eu me liguei em Leadbelly e saí procurando todos os discos dele. Em casa eu ficava ouvindo Odetta e Leadbelly, lendo muito sobre música e poesia, aprendendo aquelas canções, tentando imitar. Aí um dia a gente tinha ido curtir na praia - a gente ia para uma torre de vigia abandonada, levava cerveja e coca-cola e ficava lá, tocando e conversando até o dia nascer - então a gente estava nessa torre, e eu estava meio alta e disse: Eu sei cantar. E os caras disseram: Corta essa, Janis. mas eu insisti, e comecei a cantar igualzinho a Odetta. Os caras vibraram". Por enquanto, era só isso, um canto, uma habilidade, mais uma credencial para torná-la querida entre os rapazes. Ainda não eram os blues.
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